quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Um dia difícil

Há momentos em que as coisas não me correm particularmente bem, foi o que aconteceu um dia destes.

Acordei às 10 horas, o despertador termoestático tocou quando sentiu o meu corpo subir 2 graus Célsius devido à luz do dia.

Levantei-me, fui ao quarto de banho para me lavar e logo reparei que não havia água.

E agora como é que me vou desenrascar! Exclamei eu, foi então que me lembrei de ir à garagem do prédio buscar água a uma torneira que lá existe para lavar carros, a princípio lembrei-me de levar um balde para transportar a água mas rapidamente cheguei à conclusão que teria que fazer muitas viagens até encher a banheira e ainda por cima moro no 3º andar.

Era uma situação embaraçosa que eu resolvi de forma pouco ortodoxa, ligando os tubos de água do vizinho do lado ao meu contador fazendo-o assim ficar sem água enquanto eu tomava um banho de hidromassagem.

Correu tudo bem até que eu tive a infeliz ideia de ir buscar a aparelhagem portátil para ir ouvindo música, pois assim tomaria um banho mais confortavelmente.

Não demorou muito tempo até ter ocorrido um acidente, o aparelho que estava pousado ao lado da banheira caiu para dentro desta fazendo-me ficar electrocutado.

Depois de muito estrebuchar por sorte consegui que o cabo que ligava à tomada se desligasse, mas não me livrei de queimaduras graves.

Era obvio que tinha que ir ao hospital, mas como não tinha tomado o pequeno-almoço fui à cozinha com muito esforço e coloquei um copo de leite no microondas, mas regulei-o de forma a me dar tempo de ir de novo ao quarto de banho para fazer umas necessidades fisiológicas.

Estava eu descansado a ler um livro do Mickey quando ouço um grande estrondo na cozinha, claro que era o microondas que tinha estourado, levantei-me rapidamente sem mais nada, pois não me dava tempo não fosse haver algum incêndio, quando tropeço no chão encharcado do quarto de banho e bato com as beiças no chão.

Ora com todo este estardalhaço ouço tocarem à porta, mas como tinha os dentes partidos fiquei um pouco embaraçado e fingi que tinha desmaiado.

É então que depois de mais alguns toques ouço dizer:

- Polícia, abra imediatamente ou temos que arrombar.

Eu deixei-me estar esticado no chão, mas o inevitável aconteceu, eles entraram juntamente com o vizinho do lado a quem eu estava a roubar água e viram-me naquele estado miserável, ainda por cima de barriga para baixo.

Levantei-me devagar para simular que estava muito combalido e disse:

- Não me estou a sentir muito bem.

Mas o polícia passou por mim em direcção à cozinha que estava em chamas e disse para o meu vizinho:

- Chame os bombeiros que temos aqui um incêndio.

Entretanto perguntou-me o que se passou, como não sabia bem o que responder fingi não ter ouvido, o que não foi muito boa ideia porque só confirmava a minha culpa em relação ao roubo de água.

Tentei disfarçar e perguntei se ele queria um cafezinho, foi aqui que estraguei tudo, porque das duas uma ou era algum atrasado mental ou estava a insultar a sua inteligência.

- Está a brincar comigo? - Pergunta o polícia.

Neste instante a minha esposa acorda vem ter comigo e diz:

- Que barulho é este?

Eu aproveitei a deixa e continuei:

- Vê lá tu como são as coisas, este senhor arrombou-me a porta incendiou a cozinha e ainda por cima partiu-me os dentes.

A minha mulher começou aos gritos pegou no candeeiro que estava pousado no móvel da sala e partiu-o na cabeça do polícia fazendo-o cair no chão sem sentidos, o vizinho que ainda se encontrava à porta, com medo que fosse ter a mesma sorte fugiu.

Já ela tinha acalmado, quando para azar o meu vê o chão do quarto de banho encharcado e começou novamente a gritar, mas como eu sei como ela é disse:

- Ó querida isso foi o vizinho!

Mas ela parecia possessa, saiu disparada em direcção à casa do vizinho e começa aos pontapés à porta, nesse momento chegam os bombeiros que de imediato apagam o fogo com um extintor que eu tenho na cozinha e dizem:

- Amigo isto é fogo posto.

Eu respondi – Isso deve ter sido a minha mulher, já não é a primeira vez!

E diz o bombeiro – o senhor quer participar?

Eu respondi – deixe lá ela sofre de um pequeno atraso, não vê o que ela está a fazer à porta do vizinho?

O bombeiro respondeu – de facto ela não é muito normal, se calhar seria melhor interná-la.

Peguei no meu telemóvel e telefonei para a polícia, entretanto os bombeiros foram embora e eu fiquei sozinho com a minha mulher que estava a espancar os vizinhos e com o polícia que se encontrava no chão ainda sem sentidos.

Fui ao meu quarto peguei no atordoador eléctrico que comprei nos chineses e lá consegui parar a minha mulher com um choque de 500 volts, de seguida atei o polícia com cordas e pu-lo na garagem dentro da fossa de águas residuais.

Tendo a situação parcialmente resolvida foi então que pude tomar o meu pequeno-almoço descansado.

Passadas umas duas horas chega a polícia que pelos vistos já tinha recebido do meu vizinho uma denúncia de desvio de água.

Polícia – Então o que é que se passou?

Eu – Ó senhor guarda, o meu vizinho que mora aqui no 3º esquerdo, já não é a primeira vez que liga o fornecimento de água dele ao meu contador.

Policia – Ai sim, então porque será que ele faria uma coisa dessas, não me parece normal não acha?

Eu – De facto acho, mas o que é certo é que quando acordei de manhã para me lavar reparei logo que a água que saía da torneira não era minha.

Policia – Não me diga! Então como detectou isso?

Eu – Como já lhe disse não é a primeira vez que ele me faz isto, por isso resolvi pôr um filtro de água com detector de impurezas, não só para ter uma melhor qualidade de água mas também para me precaver de um ataque terrorista.

Policia – O senhor está a insinuar que o seu vizinho o tentou matar?

Eu – Julgo que sim.

Policia – Então o que o leva a chegar a essa conclusão?

Eu – Primeiro quando fui verificar o contador, reparei que os tubos estavam trocados, bati à porta do meu vizinho para lhe perguntar se ele sabia de alguma coisa e foi aí que tudo começou, levei um soco e fique meio atordoado, mas como se não bastasse ele entrou-me em casa levando-me de rastos, encheu a banheira de água e tentou afogar-me, em seguida partiu o candeeiro na cabeça da minha mulher que coitada nunca fez mal a ninguém e ainda por cima incendiou-ma a casa.

Policia – Como é que o senhor prova essas acusações?

Eu – Entre e veja!

O polícia entrou e depois de ver a minha mulher estendida no chão à entrada do quarto de banho que estava inundado e a cozinha parcialmente queimada disse:

- De facto o senhor tem razão, isto é um caso grave.

O polícia dirigiu-se à casa do vizinho e bateu à porta, quando o desgraçado abriu foi imediatamente algemado e levado preso.

Finalmente parecia que eu tinha algum descanso, mas foi por pouco tempo, porque estava eu na sala a ver um documentário em DVD sobre criação de moscas, quando sou surpreendido pela minha mulher que me perguntou gritando de uma maneira que mais parecia uma sanfona:

- Como é que vou fazer o almoço?

Eu respondi – Ó filha não te preocupes que hoje vamos almoçar fora.

Fui me vestir que era coisa que ainda não tinha tido tempo e desci para a garagem juntamente com a minha esposa, entrei no meu ALFA ROMEO 4.300 BI TURBO, liguei o GPS e perguntei:

- Onde queres ir querida?

Ao que ela me respondeu:

- Quero ir a Braga comer um bacalhau à Zé do pipo.

Eu respondi – É pra já!

Fui à mala do carro peguei no meu PC portátil e fiz uma reserva por email, em seguida programei o GPS e arranquei.

Já tinha percorrido alguns quilómetros quando liguei o leitor de CD do carro para ouvir um disco do TRIO ODMIRA quando sou surpreendido pela notícia de que um avião cheio de galinhas se tinha despenhado depois de ser atingido por um míssil português julgando tratar-se de um óvni.

Era uma notícia um tanto esquisita, fiquei atento a novos desenvolvimentos noticiosos mas depressa cheguei à conclusão que tinha sido apenas um exercício militar.

Continuai a minha viagem até Braga para almoçar e quando estou a chegar ao destino “o tasco do Zé moina” rebenta o pneu direito da frente.

Parece que o dia nos começa mal! Comentei eu enquanto saía do carro para ver o pneu.

Depois de ter avaliado os estragos fui buscar o pneu suplente, substituí pelo furado e quando me preparava para apertar as fêmeas com uma chave de quilos, reparei que a minha mulher estava especada de cócoras ao meu lado a ver-me fazer o trabalho.

Estava a dar os últimos apertos quando a chave me foge das mãos e bate na cabeça da minha mulher, a princípio não me parecia grave mas passados uns 10 minutos já eu estava dentro do carro para arrancar quando vejo um galo enorme na sua testa, até parecia que lhe tinham implantado uma batata.

Como quem não quer a coisa e para ela não perceber perguntei:

- Não te dói a cabecinha querida?

Ela respondeu que sentia qualquer coisa, mas eu disse-lhe para não se preocupar que depois de almoçarmos iríamos ao hospital se a coisa piorasse.

Ela ficou em pânico com a figura que ia fazer no restaurante, contudo consegui convencê-la a enrolar a cabeça com uma camisola branca que eu trazia na mala e assim toda a gente pensaria que ela era árabe.

Fomos para o restaurante e por fim começámos a almoçar. O almoço estava bom mas como comemos 3 doses eu estava com azia e não parava de arrotar, como se não bastasse depois de tomarmos o café comecei a sentir dores fortes no estômago e comecei a queixar-me.

A minha mulher ficou preocupada e perguntou se eu queria ir ao hospital, respondi afirmativamente e saí do restaurante muito devagar apoiado nela, como não conseguia conduzir dei-lhe a chave do carro e ela levou-me ao hospital local que ficava a dois quarteirões, mas quando estávamos a entrar nas urgências havia uma ambulância estacionada à porta que dificultava o nosso estacionamento.

Eu disse – Esperas um bocado, quando a ambulância sair estacionas, ela assim fez, só não reparou que no lugar da ambulância estava uma maca com um senhor idoso à espera que o enfermeiro o viesse buscar.

Foi dramático ver a maca sair disparada quando o carro entrou no estacionamento a grande velocidade, como aparentemente ninguém viu, eu sai rapidamente do carro e dirigi-me à recepção para preencher o formulário, mas como as dores não paravam deitei-me numa maca que estava encostada à parede.

Enquanto a minha mulher tratava da inscrição eu fui levado por um enfermeiro para uma sala de triagem onde um medico me perguntou:

- Então amigo o que é que lhe aconteceu?

Eu - Ó senhor doutor estou muito mal dos intestinos, deve ter sido o almoço que não me caiu bem.

Medico – tenha calma que isso resolve-se, vai ver que vai passar rápido.

Eu – Vai dar-me um clister?

Medico – Primeiro vou lhe por soro, se não resultar avançamos para o clister.

Depois o médico ausentou-se dizendo que tinha que ir buscar uma algália para o caso de a coisa correr mal, eu ainda esperei um bom bocado mas depois foi para esquecer.

Como já não aguentava mais resolvi a situação infringindo-me a mim próprio um clister de último recurso, peguei no tubo proveniente da garrafa de soro que se encontrava na haste da maca e coloquei-o no sítio onde é suposto, o que aconteceu a seguir foi no mínimo catastrófico.

Tentei sair da sala a todo o custo, no entanto no estado em que me encontrava pressupunha cautelas, tomei a decisão de sair calmamente disfarçando-me de médico com uma bata que estava pendurada atrás da porta, o único problema é que como não tinha roupa da cintura para baixo, de médico tinha muito pouco.

Foi difícil encontrar a saída do hospital, mas quando ouvi a minha mulher gritar repetidamente a frase:

- Agora é que ele se ma vai! Agora é que ele se me vai! Foi mais fácil.

Entrámos no carro e saímos apressadamente das instalações do hospital a caminho de casa, pelo menos era essa a minha intenção, não fosse a minha mulher ter a ideia de ir passear ao jardim da rotunda da Boavista.

Não podia ter sido pior, mas como ando sempre com a Nintendo DS no carro, lá me entreti a jogar o Super Mário sentado num banco de jardim.

Por fim passadas 3 horas fomos finalmente para casa jantar umas empadas de couve branca que a minha mulher comprou enquanto estive a jogar, em seguida fui visitar um site sobre profecias do fim do mundo e quando me deitei tive que gramar a minha mulher a cantar em karaoke as músicas da abelha Maia.

“As vezes dá-me para isto, vá-se lá saber porquê”

Romão Casals

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